Em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (4), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, eleito para o posto pela terceira vez na última sexta (1º), declarou que é possível votar a reforma da Previdência na Câmara e no Senado até julho.
Segundo Maia, é necessário construir a maioria na Câmara antes de votar a medida. O deputado declarou que “não dá para errar o tiro da Previdência”.
O presidente da Câmara defende que é necessário incluir os governadores do estados no debate sobre a reforma da Previdência. “Se você não incluí-los nesse debate, vai ter mais dificuldade para aprovar. Eles estão vivendo o mesmo drama que o governo federal, até pior”, declarou Maia. Ele também não acredita na possibilidade de o governo fazer uma emenda e colocar o texto para votação direto no plenário da Câmara. Segundo Maia, é necessário construir uma “coisa pactuada com os governadores” para obter os 308 votos na Casa necessários para a aprovação.
Ele também defende que é necessária aprovar as medidas econômicas antes de colocar temas polêmicos para serem debatidos no plenário da Câmara. Segundo Maia, “se ficar estressando o Plenário antes da Previdência, o ambiente para votá-la vai ser muito precário”.
Rodrigo Maia também comentou as eleições para a presidência do Senado. O pleito, que foi marcado por diversas polêmicas e confusões, acabou com a vitória do colega de partido Davi Alcolumbre, que também é do DEM. Segundo o deputado carioca, Alcolumbre foi eleito presidente do Senado porque “construiu isso com apoio do governo e com as próprias energias, porque de fato o DEM não podia trabalhar para duas candidaturas”.
Ao falar sobre Renan Calheiros, Rodrigo Maia declarou não acreditar que “um político com a experiência e história” de Calheiros irá fazer algum movimento no curto prazo que sinalize uma revanche. Mesmo assim, afirmou que o governo “vai ter que saber construir pontes” com o senador alagoano.
Outra polêmica das eleições para a presidência do Senado foi o debate sobre a votação ser aberta ou fechada. Rodrigo Maia defendeu a votação fechada, sem a necessidade dos senadores declararem em quem votaram. “A gente tem que tomar muito cuidado, porque o voto secreto é a garantia do eleitor. O voto secreto não defende o conchavo, como muitos acham”, disse Maia sobre o assunto.
O presidente da Câmara declarou que sua prioridade é superar a agenda econômica, para depois discutir o que fazer com a “agenda de costumes”.
Por fim, Rodrigo Maia falou sobre a renúncia do deputado Jean Willys, que abriu mão do mandato na Câmara no fim de janeiro. O então parlamentar alegou estar sofrendo ameaças de morte. Segundo Maia, a renúncia do deputado pode ser considerado um momento ruim da política e que Wyllys representava “uma parte da sociedade que precisa de voz no Parlamento”.
Rodrigo Maia é deputado federal desde 1999 e preside a Câmara dos Deputados desde julho de 2016. Na última sexta-feira (1º) foi eleito com 334 votos dos 513 deputados para um terceiro mandato no cargo, que vai até 2021.
Reportagem, Paulo Henrique Gomes