A professora aposentada Eva Gomes, de 60 anos, é moradora do Bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza. Ela conta que está com medo de sair na rua e que a onda de violência na cidade obrigou até o comércio local a fechar as portas.
“Eu, por exemplo, não estou nem saindo de casa. Está tudo fechado. Aqui no meu bairro, mercantil é tudo fechado, farmácia, tudo. Nada está funcionando.”
Para tentar conter a situação, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou, inicialmente, o envio de 300 homens da Força Nacional para reforçar o patrulhamento no estado.
Nesta terça, o governo Federal informou que outros 200 policiais serão designados para atuar no Ceará. Até agora, pelo menos 100 agentes do efetivo extra já chegaram às cidades e reforçam a segurança da população. Policiais militares da Bahia também chegaram ao Ceará para ajudar no combate à onda de crimes.
Ao analisar a situação, o especialista em Direito Penal e membro da Comissão Especial de Segurança Pública da OAB, Leonardo Pantaleão, afirma que os ataques são uma retaliação ao poder público, que tenta enfraquecer a influência das facções criminosas dentro dos presídios.
Para ele, o trabalho de inteligência conjunto das equipes estaduais e federais deve continuar até inibir as ações violentas orquestradas por esses grupos.
“O que precisa ser feito, ao meu sentir, é, de fato, uma união entre o estado e o governo Federal para que juntos possam combater esse ataque e, acima de tudo, mostrar que o crime organizado jamais vencerá um estado organizado.”
Uma das cidades alvo de ataques foi Crateús, no Centro-Oeste do estado. Na madrugada desta segunda-feira (7), dois caminhões de coleta de lixo foram incendiados.
De acordo com o sargento Chaves, do 7° Batalhão de Polícia Militar de Crateús, a situação na região não está tão crítica como na capital, mas os municípios da área seguem em alerta para possíveis ações criminosas.
“As regiões que compreendem o Batalhão estão reforçando todas as cidades para aumentar o número de policiais, para que façam um serviço de prevenção e os ataques não aconteçam nessa região, e também possam dar segurança à população das regiões vizinhas.”
Ainda segundo o sargento, um homem que não teve a identidade revelada foi preso na cidade por tentativa de ataque ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Crateús. A suspeita é de que ele pertença à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).
O governador do estado, Camilo Santana (PT), afirmou que mantém diálogo com o Governo Federal para "unir forças" no combate ao crime organizado. Segundo ele, essas ações devem “ser feitas de forma cooperada.”
Reportagem, Marquezan Araújo